A
demonologia de certa maneira perdeu parte de sua força nos dias de
hoje. Talvez o problema seja que com o tempo a "razão" tenha
reinvidicado parte do território que antes pertencia à magia. Talvez em
um mundo onde Freddy Kruegers, Aliens & Predadores ou Pazuzus
estejam a 5 reais de distância de qualuqer pessoa disposta a ir a uma
locadora, homens com rabos de pássaro que realizam desejos não tenham
mais aquele apelo de horror. Talvez em uma sociedade global onde o humor
vem de programas que repetem de novo, de novo, de novo, de novo, de
novo e de novo, de novo, de novo, a mesma piada - e o salário ó! -
ninguém tenha entendido a piada que Crowley fez na sua introdução às
Chaves Menores de Salomão quando disse que o trabalho de evocações
demoníacas são meramente uma forma de auto-descoberta psicológica.
Mas não
vamos nos prender a explicações que apenas se tornariam mais uma forma
de masturbação intelectual, vamos nos atentar aos fatos. A demonologia
de fato perdeu parte de sua força nos dias de hoje; mas não perdeu seu
poder. E assim começa nossa breve jornada.
24 horas atrás recebi uma notícia interessante que poderia ser traduzida na língua horoscopal:
"Vênus
está regendo seu signo. Peso das responsabilidades e limitações quanto
aos seus objetivos podem deixar você bem exausto. O dia pode ser
exaustivo no setor profissional, muita dedicação para poder segurar as
coisas a seu favor. Uma viagem inesperada pode mudar sua rotina."
Isso
acabou se concretizando como tudo o que o horóscopo afirma. Dizem que
os astrólogos de hoje fazem suas previsões de maneira tão vaga que tudo o
que acontece num dia pode ser visto como a concretização de sua
conversa com os astros. Algumas pessoas dizem que isso é o charlatanismo
em sua forma mais descarada. Eu digo que se alguém descobre como
descrever um evento de forma que ele possa se refletir em qualquer
desdobramento que possa acontecer então essa pessoa está fazendo magia.
Há
tempos estou trabalhando com demonologia e uma forma não de trazê-la
para os dias de hoje, mas de usar o conhecimento contemporâneo para
expandi-la e fazê-la crescer. A notícia da viagem me ajudou a colocar a
coisa em prática. Veja, os meus problemas eram simples, em uma mão uma
maneira de ver como usar na prática uma forma não medieval de
demonologia, na outra precisava viajar para a terra do ouro e mel e
crises econômicas e não tinha um visto americano no passaporte. Assim
pensei, vamos unir a fome com a vontade de comer.
Diferente de
outros textos onde lemos como desenhar coisas no chão, ficar pelados,
gritar nomes e pedir coisas, vamos ver agora como colocar na prática um
ritual de evocação de um demônio e como colher os resultados práticos e
diretos.
Antes de prosseguirmos, vamos responder a pergunta
daquela linda garota de mini-saia lá no meio da sala: mas por que usar
demonologia para conseguir um visto americano?
Ótima pergunta, ótima saia, pode ficar mais à vontade na cadeira se desejar.
Quando
o seu chefe vira para você e te diz que você está com uma viajem
marcada para Providência, na Ilha de Rhodes, para resolver o que quer
que a empresa onde você trabalha quer que seja resolvido, você não
simplesmente diz: "escolha outra pessoa, eu não tenho visto!" você se
lembra do que o horóscopo previu e pensa, hora da dedicação para segurar
as coisas a meu favor! E sai da sala do chefe e entra no site: www.visto-eua.com.br
para ver como agendar a sua entrevista para conseguir o visto. E lá
descobre que o consulado de São Paulo tem uma espera de pelo menos 112
dias - a entrevista para o visto sairia no início de janeiro de 2012. O
consulado de Recife tem uma fila de espera de pelo menos 92 dias, e por
ai a fora. Assim a maneira "legal" de se conseguir um visto que
possibilite minha viajem para daqui a 12 dias já foi por água a baixo.
Vamos ver a maneira ilegal de se fazer isso. Depois de uma hora falando
com os mais diversos despachantes "ponta-firme-esse-faz-milagres",
termino sabendo que mesmo que pagasse R$700,00 reais não conseguiria
nada para antes da segunda quinzena de outubro. Bem, outubro é bem
depois de setembro, então não me adianta. Então chegamos em um ponto
interessante da história, a magia.
Bem, o que temos hoje quando
falamos de magia? Wiccans que se reúnem em parques e continuam
realizando os festivais e trabalhando com suas plantas. Eventualmente
realizando esse ou aquele feitiço. Magistas do Caos que buscam fazer
rituais tão confusos que nunca vão saber se obtiveram êxito, ou então se
mobilizando em mind fucks coletivos de cunho anti-social. Satanistas
tentando incrementar a própria vida com sua baixa-magia social.
Terreiros de macumba. Trago a pessoa amada em 7 dias. Contato com
Chorozon ou meses tentando descascar a árvore da vida para poder batizar
as novas cascas que surgem. De fato a magia pode ser usada para o
crescimento individual, trazer maturidade, auto-tranformação e
sabedoria, e quem sabe uma trepada de vez em quando. Mas onde é que
estão os feiticeiros? Onde está a magia para confundir caixas
eletrônicos, para fazer luzes de farol de trânsito mudar? Onde estão os
mestres que dançam não para trazer a chuva, mas para fazer sua banda
favorita por acaso vir para a sua cidade para um show inesperado?
A
magia é um modo de encarar o mundo, não uma fita isolante que fica numa
gaveta esperando algo despedaçar para que possamos fazer um remendo.
Então obviamente, se a solução dos homens não resolve, vamos ver o que
podemos fazer apelando para o código fonte da realidade.
Em 1563
um livro foi publicado. Um livro muito interessante de fato, chamado de
De Praestigiis Daemonum et Incantationibus ac Venificiis. Seu escritor
foi um médico e psiquiatra, a seu modo, originário dos países baixos, o
título do livro quer dizer Sobre a Ilusão de Demônios, Feitiços e
Venenos. Na introdução do livro lemos em latim:
<tecla sap>
Meu
objetivo não é apresentar para as pessoas as blasfêmias daqueles homens
enfeitiçados que não tem vergonha de chamarem a si mesmos de magi, nem
de expor suas curiosidades, suas decepções, vaidade, imposturas,
delírios, sua capacidade de enganar a mente e suas mentiras óbvias mas,
ao invés disso, mostrar que eles se mostram relutantes, quando são
vistos sob a ofuscante luz do dia, em deixar suas mentes correrem em
disparada alucinada, nesta época infame, onde o reino de Cristo é
constantemente atacado pela tirania, imensa e impune, daqueles que
abertamente realizam os sacramentos de Belial e que, não resta dúvida,
em breve receberão sua recompensa justa.
</tecla sap>
O
escritor de tal obra, Johann Weyer, havia sido um discípulo de Agrippa. E
ele acreditava em magia, e ele acreditava no demônio, mas acreditava
também, de forma discreta, que ele não era tão ruim quanto a igreja
fazia o povo acreditar. Talvez aquilo fosse apenas uma forma de oferecer
um inimigo tão grandioso que as pessoas não tivessem como enfrentar,
uma forma de marketing medieval. Assim, dentro de seu livro sobre a
ilusão dos demônios, acrescentou um trabalho entitulado Pseudomonarchia
Daemonum (Liber officiorum spirituum) <tecla sap> Falsa Monarquia
dos Demônios (Livro dos ofícios dos espíritos) </tecla sap> - e
você achando que só Lovecraft bolava livros com nomes legais - neste
texto, Wier listou e hierarquizou os nomes de diversos demônios
acompanhando-os as horas apropriadas e os rituais para invocar-los.
Assim,
diante de meu problema na mão esquerda e no da mão direita resolvi
seguir o conselho de um dos grandes Reis ocultos deste mundo e bater
palmas. Buscando minha biblioteca favorita achei o livro de Wier e
passei a ler rapidamente suas páginas xerocadas fui fazendo nota mental
dos poderes de cada um dos seres ali descritos. Dos 69 espíritos
listados um me chamou a atenção:
Bathym, alibi Marthim Dux magnus
& fortis: Visitur constitutione viri fortissimi cum cauda
serpentina, equo pallido insidens. Virtutes herbarum & lapidum
pretiosorum intelligit. Cursu velocissimo hominem de regione in regionem
transfert. Huic triginta subsunt legiones.
Organizando o padre que vive em minha mente pude tirar que isso implicava algo aproximado de:
Bathym,
um duque poderoso e forte: ele é visto como um homem de constituição
forte, com cauda de serpente, cavalgando um cavalo branco. Ele
compreende a virtude das ervas e pedras preciosas. E pode transportar um
homem de maneira súbita de um pais para outro. Ele lidera 30 legiões do
inferno.
Isso soou como música para meus ouvidos. Vejam, algo
que muita gente não compreende é que demônios não são como botões dentro
de uma caixa esperando que alguém abra a tampa, escolha o que acha mais
adequado e então o costure num casaco enquanto usa um dedal de ferro
para se proteger do ato de se trabalhar com ele. Borhs disse que o
contrário de grandes verdades é verdade também. Assim se hoje grande
parte das pessoas que se envolve com demonologia são pessoas sem cérebro
nenhum, o inverso é real, demônios são cérebros sem pessoa nenhuma.
Eles estão ao nosso redor o tempo todo.
Lembre-se que eu estava
no escritório. Cada segundo vale uma eternidade de vidas. Não podia
esperar para ir para casa e tentar chamar Bathym e ver o que negociar
com ele, assim me concentrei na praticidade. Se eles estão ao nosso
redor o tempo todo, basta conseguir entrar em contato com eles.
Um ritual de evocação mágica consiste de alguns pontos básicos:
1- Ir para um lugar onde ninguém interrompa a comunicação;
2- Entrar no estado de espírito correto de se contactar algo não físico;
3- Entrar no estado mental necessário para conseguir se comunicar com este algo;
4- Ter um assunto que seja interessante para ambos os lados;
5-
Conseguir despachar essa coisa de forma que ela não fique puta com
você, afinal quem está recebendo o chamado tem o número de que está
chamando.
Bem, tendo já prática e experiência com rituais isso
não é diferente de usar seu celular para ligar para alguém. Com isso em
mente parti para o primeiro passo: descobrir quem é essa pessoa, e qual o
número do "celular" dela.
PASSO 1
O livro de Weyer não
foi o único a tratar de demônios de forma tão direta e clara então
busquei a Goetia. O décimo espírito do Pseudomonarchia aparece também
como o décimo oitavo espírito da clavícula de Salomão. A descrição do
espírito é a mesma, mas traz uma informação extra:
"seu selo deve então ser feito e deve ser usado diante de você"
A
versão de MacGregor Mathers e de Crowley da Goetia trazem duas versões
mais modernas do selo e uma grafia diferente do nome do espírito, assim
temos que Bathym também é chamado de Bathin, de Mathim e de Marthim.
COmo essa informação é muito pouca para criar um programa mental que
sirva para me conectar com o espírito resolvi apelar para o tarô. Bathym
surge como o décimo e o décimo oitavo demônio dos dois maoires tratados
de demonologia que sobrevivram ao tempo. Assim parti para os arcanos
maiores:
A roda da Fortuna
Resumidamente a roda da fortuna
está ligada à necessidade, ao acaso, mudança e a um objetivo. Esta é
uma das cartas mais expressivas da sorte, fortuna e oportunidade. Mas
não é necessariamente uma carta positiva, já que pode informar que
adiante virá sorte mas não especifica se boa ou má. Tudo irá depender
das suas decisões e atitudes, pois estas irão decidir para que lado
penderá a balança, se para a boa sorte ou para a má sorte.
A Lua
A
famosa luz no fim do túnel, mas não sem antes um monte de dores de
cabeça. Uma carta ligada a guiar-se pelos seus instintos, sonhos
utópicos, dificuldade em aceitar a realidade.
Não me lembro
aonde, mas ainda descobri em algum lugar uma relação entre Bathym e o
dez de espadas, já que estava no mundo do tarô parei para analisar a
carta. Obviamente é uma carta de merda, mas isso para quem vive uma vida
regular e tranquila, apesr de todo o mau agouro o dez de espadas
representa a luz no fim do túnel também. Essa carta indica que o seu
presente atingiu o tal ponto de mudança que lhe era tão necessário e
tendo em mente que a realidade não gosta de mudanças, já que tudo busca
permenecer na forma que é, parece que as coisas não podem piorar muito
mais, o mundo parece que está virado contra si e parece que apenas lhe
resta lamentar-se pelo seu infortúnio. Quando chegamos neste ponto em
que não há nada a perder o melhor a fazer é parar de lutar contra a
correnteza e se aproveitar dela
Lição de casa feita em quarenta
minutos. Agora com o estado mental e de espírito necessários para se
comunicar com o espírito decidi usar o sigilo da Goétia para
contactá-lo. Como disse, a versão de Mathers/Crowley oferece duas
opções, assim como Bathyn é o demônio 18 desta obra, escolhi o sigilo
que tem o desenho de uma lua.
Como devemos usá-lo
diante de nós o tempo todo, e como resolvi usar a analogia do telefone
celular, desenhei ele nas costas da mão esquerda, a mão que uso para
segurar o telefone quando trabalho, e me preparei para o passo 2,
descobrir como encontrá-lo.
PASSO 2
Aproveitei a hora do
almoço e sai para dar uma volta. Agora era o momento de esvaziar a mente
de tudo e sintonizá-la em Bathin (grafia do nome no sigilo goético).
Depois de caminhar, passei por acaso diante de uma agência de viagens de
bairro, pequena e enfiada entre duas lojas. Na porta uma moto branca.
Passei perto da vitrine e lá dentro um homem com botas de pele de cobra
estava sentado atrás de uma mesinha de madeira. Ótimo sinal. Encostei as
costas da mão contra o vidro e pressionei com força, apenas sentindo a
psicologia do local se misturar com a de Bathin em minha mente. Quando
tirei a mão do vidro havia um decalque fraco do sigilo no vidro. Ótimo
sinal.
Voltei para o escritório.
É importante frisar que a
partir do momento em que deixei minha mesa minha mente buscava a
vacuidade, e me concentrava apenas nas sensações sugeridas pelas cartas
do tarô. A agência de viagens é um símbolo de uma viajem rápida, onde
você faz o mínimo e eles te levam de um lugar para o outro desde que se
pague. Nada racional, apenas a loucura da magia queimando de um neurônio
para outro.
Feito o contato e estabelecido uma linha entre mim e o espírito, voltei para o escritório para o passo 3, fazer a ligação.
PASSO 3
Em
um ambiente de trabalho só há um lugar que você encontra paz: o
banheiro. Mas o banheiro, logo depois do almoço é o local menos calmo de
uma empresa.
Novo paralelo com a arte de evocação clássica.
Assim que escolhe um local para o ritual, distante dos olhos profanos,
você deve realizar um ritual de banimento para limpar a área de
energias contrárias à sua vontade. Resolvi isso com uma folha de papel e
uma caneta hidrográfica preta. Sem mudar meu estado mental, desenhei os
seguintes sigilos na folha:
BANHEIRO EM MANUTENÇÃO - DESCULPE O TRANSTORNO
e prendi com durez do lado de fora da porta, me trancando dentro.
PASSO 4
Momento de discar para o demônio.
Simplesmente
precisei apagar a luz, me sentar no chão de pernas cruzadas, o melhor
que pude no pouco espaço, e deixar a mente trabalhar. Ergui a mão até a
orelha como se segurasse o celular e imaginei o tom de chamando.
Curiosamente
ao invés de ouvir uma voz mental de alô, veio a impressão de deixe o
recado após o sinal. Foi neste momento que expus o problema e pedi uma
solução:
"Preciso de um visto americano em cinco dias úteis!"
PASSO 5
Agradeci
a atenção e pedi para entrar em contato o mais rápido possível,
desliguei o celular colocando a mão no bolso. Me levantei, lavei o rosto
e sai do banheiro.
CONCLUSÃO
Como disse, o objetivo do
texto é mostrar como a demonologia se aplica hoje de forma prática, nada
de ficar imaginando como vem uma resposta ou analizar objetivamente
fatos subjetivos.
Voltei para a minha mesa e comecei a pensar
como a colocar em prática o visto, afinal trabalhar com Bathin
aparentemente não me livraria de estress e dificuldades. Vinte minutos
depois de me sentar alguém atrás de mim comenta: "é o alimento vivo da
chama que ilumina". Me voltei e pedi para ele repir que não estava
prestantando atenção, ele repetiu: "O poeta é o alimento vivo da chama
que ilumina", e completou dizendo que era uma frase de Martí, um poeta
cubano. Martí é próximo o suficiente, voltei a checar a previsão para o
agendamento de visto. Curiosamente a data para as entrevistas em Recife
de 3 meses sumiram e havia uma data para 2 dias. Marquei.
Passei o
dia seguinte tentando descobrir como viajar para Recife para ir à
entrevista e correndo com a papelada como responder formulários do site
de visto, levantar coisas como imposto de renda e todo tipo de documento
necessário.
Para alimentar o sigilo que estava em minha mão,
perguntava para as pessoas se elas sabiam se era possível tirar o visto
em outro estado em dois dias, as risadas delas eram o Big Mac de Bathin.
Como
disse acima, a realidade reluta qualquer mudança, isso se traduz na lei
da inércia: é necessário sempre mais força para iniciar uma mudança de
estado (de parado para se movendo ou de movendo apra parado) do que para
se manter esse novo estado. Assim não demorou duas horas para que as
sereias começassem a surgir. Pessoas com despachantes milagrosos, ou
conhecidos com esquemas. Sabe quando você decide mudar ou pede algo e
milagrosamente algo acontece para te empurrar nesse direção, e então
parece que outras portas aparecem, que ou te mostram que continuar na
mesma é a melhor opção (decide mudar de emprego e recebe uma proposta de
aumento neste) ou que esperar é melhor (quero um carro novo, surge um
dinheiro do nada e de repente posso usar esse dinheiro em outras coisas e
depois financiar um carro)? Isso é a realidade lutando para parmanecer
no mesmo estado que se encontra. Muitas vezes é quase impossível
resistir. Mas quando lidamos com demônios onde a maior parte do tempo
você acha que está louco ou não tem garantia nenhuma de que a coisa vá
funcionar, é melhor abraçar o abismo.
No fim do dia havia
conseguido milhas de um conhecido para comprar uma passagem para Recife
(para facilitar meu cartão precisaria de 10 dias para converter os
pontos em milhas e liberá-las, eu precisava estar em recife em 36 horas
úteis). Consegui levantar a papelada ontem. Achei meu antigo passaporte
que havia desaparecido. Alimentei o sigilo com mais algumas dúzias de:
"você vai perder a ciagem e o dinheiro" regado com molho de "se mete
nessas loucuras a troco de nada, se fosse fácil assim todo mundo faria,
você vai quebrar a cara".
E assim, ontem à noite, acabando de
preencher o formulário virtual que precisa ser preenchido com 48 horas
de antecedência, parti para Recife. Hoje às 7:30 da manhã estava no
consulado americano. O sigilo quase desbotado em minha mão me alertava
do prazo de validade do acordo. Assim que a tinta sumisse de vez, a
ligação seria cortada.
Durante a entrevista foram feitas dez
perguntas simples. Mesmo morando em São Paulo pareceu não haver
problemas de eu estar em Recife pedindo o visto. Depois de alguns
minutos o homem com sotaque me falou que enviariam meu passaporte por
Sedex para mim.
E assim aconteceu. Vida, magia, demonologia, rituais, resultados.
A
demonologia tem poder até hoje, basta saber como se conectar com ela.
Há sempre um preço a ser pago, mas nada tão dramático quanto uma alma ou
uma vida. É tudo questão de se negociar.
Agora, claro, os
correios entram em greve geral. E tenho que receber meu passaporte com o
visto até o começo da semana que vem, quando vou embarcar.
Se
Bathin deu resultado com o visto, vejamos com quem vou tentar trabalhar
para conseguir contornar esse problema. Em breve talvez isso vire um
segundo artigo.
Texto escrito 14-09-2011
Por LöN Plo