Segundo estes há,
com efeito, demônios que, para melhor atormentarem os homens em seus corpos,
tomam corpos. Uns têm asas de morcegos, cornos, couraças de escama, patas armadas
de garras, dentes agudos, apresentando-se-nos armados de espadas, tenazes, pinças, serras, grelhas, foles, tudo ardente, não exercendo outro
ofício por toda a eternidade, em relação à carne humana, que não o de carniceiros e
cozinheiros; outros, transformados em leões ou víboras enormes.
Arrastam suas presas para cavernas solitárias; estes se transformam em corvos
para arrancar os olhos a certos culpados, e aqueles em dragões volantes,
prontos a se lançarem sobre o dorso das vítimas, arrebatando-as assustadiças,
ensangüentadas, aos gritos, através de espaços tenebrosos, para arremessá-las
alfim em tanques de enxofre.
Aqui,
nuvens de gafanhotos, de escorpiões gigantescos, cuja vista produz náuseas e
calafrios, e o contacto, convulsões; além, monstros policéfalos, escancarando
goelas vorazes, a sacudirem sobre as disformes cabeças as suas crinas de
áspides, a triturarem condenados com sangrentas mandíbulas para vomitá-los
mastigados, porém vivos, porque são imortais.
Uma palavra final de advertência
Demônios
não podem guiar descobertas nem investigações científicas. A Ciência é obra do
gênio e só deve ser adquirida pelo trabalho, pois é por este que o homem
progride. Que mérito teríamos nós se, para tudo saber, apenas bastasse
interrogá-los? Por esse preço, todo imbecil poderia tornar-se sábio. O mesmo se
dá relativamente aos inventos e descobertas da indústria.
Chegado que seja o tempo de uma descoberta, os demônios encarregados da sua
marcha procuram o homem capaz de levá-la a bom termo e inspiram-lhe as idéias
necessárias, isto de molde a não lhe tirar o respectivo mérito, que está na
elaboração e execução dessas idéias. Assim tem sido com todos os grandes
trabalhos da inteligência humana.
Os demônios
deixam cada indivíduo na sua esfera: do homem apenas apto para lavrar a
terra não fazem depositários dos segredos mágicos, mas sabem arrancar da
obscuridade aquele que se mostra capaz de secundar-lhes os desígnios.
Não vos deixeis, por conseguinte, dominar pela ambição e pela curiosidade, em
terreno alheio ao da magia negra, que tais fitos não tem, pois com eles só
conseguireis as mais
ridículas mistificações e espíritos trevosos que desejam nada mais do que
suprir seus vícios de quando ainda estavam encarnados.
Conclusão final: Só busque um pacto se tiver algo valioso para dar em troca, e então ? Você possui algo valioso ? Como sua inteligência por exemplo ? Então Boa Sorte com o seu pacto... e o que sobrar da sua inteligência depois dele.
Manual dos Pactos Satânicos