Outra música tirada do Master of Puppets, terceiro album de estúdio do Metallica.
Qual é a música:
Welcome to where time stands still
No one leaves and no one will
Moon is full, never seems to change
Just labeled mentally deranged
Dream the same thing every night
I see our freedom in my sight
No locked doors, no windows barred
No things to make my brain seem scarred
Sleep, my friend, and you will see
The dream is my reality
They keep me locked up in this cage
Can't they see it's why my brain says “rage”
Sanitarium, leave me be
Sanitarium, just leave me alone
Build my fear of what's out there
Cannot breathe the open air
Whisper things into my brain
Assuring me that I'm insane
They think our heads are in their hands
But violent use brings violent plans
Keep him tied, it makes him well
He's getting better, can't you tell?
No more can they keep us in
Listen, damn it, we will win
They see it right, they see it well
But they think this saves us from our hell
Sanitarium, leave me be
Sanitarium, just leave me alone
Sanitarium
Just leave me alone
Fear of living on
Natives getting restless now
Mutiny in the air
Got some death to do
Mirror stares back hard
kill is such a friendly word
seems the only way
for reaching out again
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Bem-vindo ao lugar onde o tempo não passa
De onde ninguém sai agora e ninguém sairá
A Lua cheia nunca parece mudar
Apenas rotulado como um desajustado mental
Sonho a mesma coisa todas as noites
Eu vejo nossa liberdade diante dos meus olhos
Não há portas fechadas, sem janelas barradas
Não há coisas para fazer meu cérebro parecer cicatrizes
Durma, meu amigo, e você vai ver
O sonho é a minha realidade
Eles me mantém trancado, nesta jaula
Não percebem que é por isso que o meu cérebro diz "raiva"
Sanatório, me deixe em paz
Sanatório, me deixe em paz
Constrói meu medo, com o que está lá fora
Não posso respirar o ar livre
Sussurram coisas em meu cérebro
Assegurando-me de que sou louco
Eles acham que nossas mentes estão em suas mãos
Mas hábitos violentos geram planos violentos
Mantenha-o amarrado, isto lhe faz bem
Ele está melhorando, você não consegue perceber?
Eles não podem mais nos manter presos
Ouça, maldição, nós vamos vencer
Eles vêem isso como sendo correto, como sendo bom
Mas eles acham que isso nos salva do nosso inferno
Sanatório, me deixe em paz
Sanatório, me deixe em paz
Sanitório
Me deixe em paz
Medo de continuar vivendo
Os nativos estão ficando inquietos agora
Motim no ar
Tenho algumas mortes a fazer
O espelho me encara de volta com um olhar duro
Matar é uma palavra tão amigável
Parece a única maneira
para conseguir sair novamente
(tradução minha)
O que aprendi com ela:
James Hetfield, disse que a idéia da música veil do filme "Um Estranho no Ninho".
O filme, estrelando Jack Nicholson e co-produzido por Michael Douglas, ganhou cinco Oscars, foi lançado em 1975. Ele, por sua vez, foi uma adaptação de uma peça de teatro estrela pelo pai de Douglas, Kirk Douglas, e Gene Wilder. E essa peça foi produzida a partir do livro escrito em 1962 por Ken Kesey.
A história se passa em um hospital psiquiátrico no Oregon e a narrativa é um estudo dos processos institucionais, da mente humana e uma crítica severa ao behaviorismo. A revista Times inclui o livro em sua lista dos 100 melhores livros escritos em inglês.
Ken Kesey escreveu seu livro em 1959, quando o movimento a favor dos direitos humanos atingia seu ápice, na mesma época estavam ocorrendo grandes mudanças na maneira que a psicologia e a psiquiatria estavam sendo administradas nos Estados Unidos. O próprio Kesey
fez parte do sistema enquanto escrevia, trabalhando como plantonista em um estabelecimento de tratamento da saúde mental, em Menlo Park, Califórnia, lá ele não s´ø conversava com os internos como também era testemunha do funcionamento da instituição.
O livro constantemente se refere a diferentes tipos de autoridade que controlam o indivíduo através de métodos que podem ser sutis ou coercivos, o narrador da história, inclusive, combina todas essas figuras de autoridade em sua mente, dando a elas o nome de "O Combinado", em referência à maneira mecânica com a qual eles manipulam e processam os indivíduos.
O livro conta a história de Randle Patrick McMurphy, um malandro que após ser preso, se finge de louco para ir para um hospital psiquiátrico e assim esquivar-se dos trabalhos forçados da prisão. Uma vez internado ele começa a influenciar os outros pacientes, por fim McMurphy instaura uma revolta na clínica e se torna alvo do Combinado, personificado no personagem da enfermeira Ratched que controla os habitantes de hospital psiquiátrico do romance através de uma combinação de recompensas e humilhação.
A crítica central do livro se revolve em torno de como instituições mentais eram instrumentos de opressão, muito similares a prisões. Uma crítica defendida pelo intelectual francês Foucault, que afirmava que as formas invisíveis da disciplina oprimem indivíduos em uma escala social enorme.
Esta realidade foi tratada em outro livro, da jornalista Daniela Arbex, que resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da história do Brasil: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. O livro Holocausto Brasileiro - Vida, Genocídio e 60 Mil Mortes No Maior Hospício do Brasil, escrito em 2003, traz à luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a conivência de médicos, funcionários e também da população.
Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.
A letra da música mostra justamente a transformação de uma pessoa internada em alguém alienado para alguém que se vê obrigado a matar para conseguir fugir. A instituição que deveria curar as pessoas acaba se tornando um centro que apenas piora as neuroses, inseguranças e aguça cada vez mais o desequilíbrio mental.
E vocês, povo do carrinho de mão. Contra que abuso vocês se opõe?
Por Rev. Obito